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Mais de 260 organizações e especialistas cobram mais transparência e fim do conflito de interesses na COP 30

Conferências anteriores foram marcadas pela influência de lobistas do setor de combustíveis fósseis e do agronegócio, comprometendo o avanço das políticas climáticas
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Foto: photocreo/Envato

Mais de 260 organizações e especialistas de diversos países assinaram uma carta cobrando mecanismos eficazes de transparência e medidas contra a influência indevida nas negociações climáticas. O documento, divulgado nesta terça-feira (18), foi enviado ao governo brasileiro, que preside a COP 30, e ao Secretariado da UNFCCC (Convenção da ONU sobre o Clima).

Em COPs anteriores, como a que ocorreu em 2024 em Baku, no Azerbaijão, houve presença massiva, mas pouco visível, de lobistas de petróleo e de outros setores econômicos com alto impacto no clima. Como consequência, essas indústrias têm conseguido bloquear a implementação de medidas necessárias para reduzir emissões de gases do efeito estufa.

Influência indevida nas COPs

Na carta, as organizações, redes e indivíduos signatários afirmam que “por muito tempo, lobistas do ramo de combustíveis fósseis têm inundado os espaços de negociação climática global anual, as Conferências das Partes (COPs). Ao lado de outras indústrias altamente poluidoras (por exemplo, o setor agropecuário no Brasil), os lobistas têm atrasado os processos de eliminação progressiva dos combustíveis fósseis, de redução das emissões e de proteção das comunidades afetadas. À medida que as temperaturas globais atingem níveis irreversíveis, nós não podemos mais permitir essa interferência”.

“Hoje, nós – uma coalizão de organizações, defensores e cidadãos que acreditam que a transparência e accountability são essenciais para uma ação climática significativa – instamos a Presidência brasileira da COP 30 e a UNFCCC a combater a influência indevida das indústrias altamente poluidoras nas negociações climáticas e a restaurar a confiança nos processos da COP”, continua.

Oportunidade para o Brasil

“A liderança brasileira tem a oportunidade única de restabelecer o curso da diplomacia climática”, sinaliza a carta, que foi enviada nesta segunda-feira (17) ao presidente Lula, ao presidente da COP 30, o embaixador André Corrêa do Lago, e à CEO da COP 30, Ana Toni; e, na última quinta-feira (13), ao secretário-executivo da UNFCCC, Simon Stiell.

Segundo a coordenadora do Programa de Integridade Socioambiental da Transparência Internacional – Brasil, Olivia Ainbinder, as medidas defendidas na carta são uma oportunidade para o Brasil implementar novos padrões de transparência e de enfrentamento à influência indevida nas COPs.

“A influência indevida de setores altamente poluidores nas negociações climáticas compromete o futuro do planeta. Nossa carta propõe medidas concretas para garantir que a COP 30 seja um marco na governança climática global e que o Brasil lidere um novo padrão de transparência nas COPs”

Olivia Ainbinder, coordenadora do Programa de Integridade Socioambiental da Transparência Internacional – Brasil

O que pede a carta

No documento, organizações e especialistas cobram a adoção de padrões de transparência mais robustos e medidas para combater a influência indevida nas COPs, como a exclusão de lobistas de setores poluidores das delegações dos Estados, a implementação e a divulgação de declarações de interesses dos organizadores do evento e das delegações.

A carta também aponta a necessidade de aprimoramento dos critérios de escolha dos próximos países anfitriões, para que as conferências não ocorram em países autoritários e pouco comprometidos com a agenda climática, como nas últimas três edições do evento (Egito, Emirados Árabes Unidos e Azerbaijão).

Com a COP30 marcada para novembro, em Belém, as organizações alertam que a implementação dessas medidas será essencial para restaurar a confiança no processo climático global e garantir que as negociações avancem de forma transparente e comprometida com a urgência da crise climática.

Confira a carta na íntegra:

Corrupção e enfrentamento às mudanças climáticas

A corrupção compromete os esforços para enfrentar as mudanças climáticas ao desviar recursos, enfraquecer políticas ambientais e facilitar crimes como o desmatamento ilegal. Sem transparência e integridade, iniciativas para reduzir emissões e proteger ecossistemas ficam vulneráveis a interesses privados e à captura política.

A Transparência Internacional – Brasil tem levado esse debate às COPs. Durante a COP 27, no Egito, a organização participou de uma mesa onde reforçou a necessidade de fortalecer as instituições e garantir transparência no financiamento climático.

Em 2022, a organização publicou o Atlas Clima e Corrupção, onde mapeou como práticas corruptas impactam políticas ambientais e propôs soluções para uma governança climática mais justa e eficaz. O compromisso é seguir monitorando e pressionando por mais transparência nos espaços de decisão sobre o futuro do planeta.

Atlas de Clima e Corrupção

Através da análise de casos reais que ocorreram no país, foram identificadas as principais práticas de corrupção que impactam como enfrentamos as mudanças climáticas e elaboradas recomendações para reduzir esses riscos.

Grupo de Trabalho

Mais de 260 organizações e especialistas cobram mais transparência e fim do conflito de interesses na COP 30

Conferências anteriores foram marcadas pela influência de lobistas do setor de combustíveis fósseis e do agronegócio, comprometendo o avanço das políticas climáticas
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