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Guia propõe diretrizes de transparência para a gestão florestal

Integrar as agendas de preservação florestal e de promoção da transparência pública é essencial para aprimorar a gestão florestal no Brasil.
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A Transparência Internacional – Brasil e o Conselho Nacional de Controle Interno (CONACI) lançam hoje (23) o Guia de Transparência Ativa: Gestão Florestal e Unidades de Conservação. O objetivo do guia é fortalecer a atuação e controle interno do país, sobretudo os estaduais, na promoção da transparência da gestão florestal e de Unidades de Conservação.  

A ideia é integrar as agendas ambiental e de transparência evidenciando o papel que os órgãos de controle interno possuem na construção de políticas ambientais mais íntegras e na promoção da proteção das florestas e das unidades de conservação em estados e municípios. 

Nos últimos 37 anos, o Brasil perdeu 11,3% de suas florestas e 13,1% de toda a sua vegetação nativa1, explicitando a importância e urgência do fortalecimento da governança ambiental e da atuação estruturada dos órgãos de controle interno na temática. Garantir a transparência sobre a gestão florestal e das unidades de conservação é um passo fundamental para o aprimoramento das políticas públicas relacionadas a esses temas.  

A iniciativa é mais um fruto do Acordo de Cooperação Técnica estabelecido pela TI Brasil e CONACI em 2022, que tem como objetivo fortalecer a atuação dos órgãos de controle interno do país em temas ambientais, de uso da terra e de infraestrutura. 

A parceria entre as duas organizações também permitiu o desenvolvimento de outro guia, lançado em 2022. O Guia de Transparência Ativa: Obras de Infraestrutura, por sua vez, busca orientar órgãos de controle interno do país no controle da transparência sobre todas as fases de projetos de infraestrutura.  

Transparência e governança florestal

Dados obtidos pelo Ranking de Transparência Ambiental, iniciativa do Ministério Público Federal2, revelam que somente 21 entre os 104 órgãos federais e estaduais avaliados alcançaram desempenho maior que 0,5 (em uma escala de 0 a 1) na promoção da publicidade de importantes informações sobre a gestão ambiental, incluindo o tema florestal.  

No mesmo sentido, um estudo elaborado pela Rede Simex, publicado em 20223, sobre a evolução da atividade madeireira constatou que os estados amazônicos apresentam grandes lacunas na transparência sobre as autorizações de exploração florestal e os documentos de origem florestal, dificultado o rastreamento da origem e verificação da legalidade da madeira explorada. 

Esse contexto mostra o quanto o país ainda precisa caminhar quando o assunto é transparência pública e governança florestal. Desse modo, o guia mostra a importância das agendas ambiental e de transparência andarem de mãos dadas.    

A transparência e a fiscalização por parte da sociedade civil e dos órgãos de controle, público-alvo do guia, contribuem para o melhor planejamento, execução e avaliação de políticas públicas relacionadas à gestão florestal e das unidades de conservação brasileiras.    

Estrutura do Guia

O Guia de Transparência Ativa: Gestão Florestal e Unidades de Conservação é estruturado em seis partes:  

  1. Leis e outras normas: que definem obrigações de transparência pública, de forma geral e aplicada às questões ambientais e florestais;  
  1. Diretrizes de transparência: apresenta sete diretrizes sobre a forma e os meios para a disponibilização das informações sobre a gestão de florestas e das Unidades de Conservação;  
  1. Categorias de informação: sugere 38 categorias de informação a serem publicadas sobre os seguintes temas: regularização ambiental de imóveis rurais, desmatamento e degradação ambiental, fiscalização e sanção ambiental, exploração florestal madeireira, concessão florestal e gestão de Unidades de Conservação; 
  1. Fluxo de controle da transparência: propõe um fluxo de trabalho para orientar os órgãos de controle interno na promoção de transparência em temas florestais e de Unidades de Conservação;    
  1. Exemplos de fomento à transparência ativa: contém exemplos de iniciativas nacionais e internacionais de transparência florestal, desenvolvidas por governos, organizações internacionais e pela sociedade civil;
  1. Anexo. minuta de norma estadual (portaria, decreto ou lei), elaborada por especialistas de organizações da sociedade civil com o objetivo de ampliar a divulgação dos dados e informações florestais. A minuta também prevê dispositivos necessários para viabilizar o acesso à informação, como um plano de abertura de dados e a capacitação de servidores públicos.  

A iniciativa faz parte de um projeto mais amplo implementado pela Transparência Internacional – Brasil, que conta com o apoio da Fundação Moore, chamado: ‘Fortalecendo o Controle Interno e Externo na Amazônia: meio ambiente, uso da terra e infraestrutura’. O projeto visa fomentar redes e órgãos de controle para que atuem de forma mais estruturada e sistemática nos temas citados, com foco principal no bioma Amazônico. 

NOTAS CITADAS NO TEXTO: 

  1. Segundo dados do Mapeamento Anual de Cobertura e Uso da Terra no Brasil entre 1985 a 2021 – Coleção 7 do MapBiomas, publicados em 2022. Disponível em: https://mapbiomas-br-site.s3.amazonaws.com/MapBiomas_Cole%C3%A7%C3%A3o7_2022_10.10.pdf.
  2.  Avaliação completa e itens avaliados estão disponíveis em: https://transparenciaambiental.mpf.mp.br/www/itens_avaliados
  3. Rede de organizações da sociedade civil formada pelas instituições ambientais Imazon, Idesam, Imaflora e ICV. O estudo ‘A evolução do setor madeireiro na Amazônia: Entre 1980 e 2020 e as oportunidades para seu desenvolvimento inclusivo e sustentável na próxima década’ está disponível em: https://imazon.org.br/wp-content/uploads/2022/06/Evolucao-do-Setor-Madeireiro-na-Amazonia-de1980-a-2020.pdf. Último acesso em: 16 jan. 2023. 
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