
A Transparência Internacional e sua liderança global expressam profunda preocupação e consternação com as declarações feitas durante a sessão do Supremo Tribunal Federal brasileiro em 15 de outubro de 2025, quando o ministro Gilmar Mendes lançou novamente um ataque virulento contra nossa organização, seu capítulo brasileiro e sua equipe.
Todas as alegações de que a Transparência Internacional receberia ou gerenciaria recursos provenientes de acordos de leniência no Brasil já foram categoricamente e repetidamente refutadas — não apenas pela Transparência Internacional em comunicados públicos, mas também oficialmente por autoridades brasileiras, incluindo membros do Ministério Público Federal, a Procuradoria-Geral da República e, mais recentemente, o Tribunal de Contas da União.
As acusações foram feitas sem qualquer oportunidade de defesa, a partir de uma posição de poder institucional preponderante e em termos incompatíveis com o decoro judicial — especialmente quando se trata do decano da Corte constitucional de um país democrático.
Desde 2019, o ministro Mendes tem reiterado as mesmas alegações difamatórias contra a Transparência Internacional, seu capítulo brasileiro e sua liderança, promovendo desinformação sobre nosso trabalho. É estarrecedor que essa campanha contra uma organização da sociedade civil emane justamente do decano da Corte que também tem sido vítima de fake news e que se apresenta ao mundo como campeã no combate à desinformação.
Como se isso não fosse grave o suficiente, a Transparência Internacional Brasil continua submetida a uma investigação criminal ordenada por outro ministro desta Corte, apesar de a Procuradoria-Geral da República ter solicitado formalmente seu arquivamento — primeiro em outubro de 2024 e novamente em janeiro de 2025 — citando a completa ausência de provas, fatos concretos ou elementos mínimos que indiquem a ocorrência de qualquer crime, além da falta de competência da Corte para o caso. Até o momento, o relator não respondeu, e a investigação segue aberta.
Essa situação foi recentemente destacada no Terceiro Relatório Regional da Comissão Interamericana de Direitos Humanos sobre a Situação de Defensores de Direitos Humanos nas Américas, que afirma:
“A criminalização de defensores de direitos humanos pode assumir a forma de acusações criminais destinadas a penalizar diretamente suas atividades, como aquelas relacionadas ao direito à liberdade de expressão. No Brasil, a Comissão tomou conhecimento da abertura de uma investigação contra a Transparência Internacional ordenada por um ministro do Supremo Tribunal Federal em fevereiro de 2024 por suposta apropriação indevida de recursos públicos, após a publicação de seu relatório de corrupção de 2023, que destaca retrocessos no combate à corrupção no país. Segundo informações disponíveis, em outubro de 2024 a Procuradoria-Geral da República teria solicitado o encerramento dessa investigação devido à falta de provas, fatos concretos e elementos mínimos que indiquem a ocorrência de um ato criminoso. No entanto, segundo informações disponíveis, essa investigação permanece aberta.”
François Valérian, presidente da Transparência Internacional, declarou:
“A Transparência Internacional condena veementemente os recentes ataques — inclusive aqueles originados dentro do Judiciário — contra a Transparência Internacional Brasil. Reafirmamos nossa total confiança em nosso capítulo brasileiro e expressamos nosso apoio inabalável e admiração pelo seu trabalho corajoso e íntegro. A diretoria executiva, os membros e ex-membros do Conselho e toda a equipe exemplificam a integridade, independência e compromisso com o interesse público que definem nosso movimento global. Tentativas de intimidar ou desacreditar aqueles que combatem a corrupção apenas fortalecem nossa determinação compartilhada de defender a transparência, a justiça e a responsabilização no Brasil e em todo o mundo.”
A Transparência Internacional continuará firme em sua missão de combater a corrupção e defender o espaço cívico. Reafirmamos também nossa confiança no Poder Judiciário brasileiro, composto em sua ampla maioria por magistrados éticos e comprometidos com a democracia e a proteção das liberdades fundamentais.
Para nota publicada pelo Secretariado da TI, sediado em Berlim, sobre a recente declaração, acesse: https://www.transparency.org/en/press/transparency-international-faces-new-attacks-in-brazil