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Transparência Internacional – Brasil debate jornalismo e corrupção no 18º Congresso da ABRAJI

O 18º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo da Abraji aconteceu entre os dias 29 de junho e 2 de julho em São Paulo – SP.
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Como em anos anteriores, a Transparência Internacional – Brasil se juntou ao Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, da ABRAJI, para debater temas ligados à transparência e à corrupção. 

Duas mesas de debate foram organizadas pela equipe da Transparência Internacional – Brasil, que também participou de uma terceira mesa, com o objetivo de evidenciar as conexões entre o combate à corrupção e o jornalismo investigativo. 

Na quinta-feira (29), a mesa “Corrupção pulverizada – um novo desafio para o jornalismo investigativo” contou com a participação dos jornalistas Flávio Ferreira (Folha de S.Paulo) e Julia Affonso (Estadão), e a mediação da nossa coordenadora do Programa de Integridade e Governança Pública, Maria Dominguez.  

Os jornalistas compartilharam suas experiências no campo da apuração jornalística, indicando os caminhos que percorreram para chegar a grandes esquemas de corrupção. Foram apresentados, por exemplo, sites onde costumam consultar informações de interesse público e a importância da Lei de Acesso à Informação nesse contexto. 

No sábado (1º), a agenda ambiental foi foco do debate. O painel “Como investigar práticas de corrupção e fraude ligadas a crimes ambientais”, com a mediação do nosso gerente de Programas, Renato Morgado, contou com a presença dos jornalistas Rubens Valente (Agência Pública),  Katia Brasil (cofundadora e editora executiva da Amazônia Real) e Marta Salomon (associada ao Centro de Desenvolvimento Sustentável da CDS/UnB).  

Os três convidados compartilharam suas experiências no jornalismo ambiental investigativo, demonstrando como a corrupção não apenas potencializa como também é essencial para que a destruição ambiental aconteça.  

Kátia Brasil contou aos participantes o histórico de denúncias que seu trabalho jornalístico colocou de pé nas últimas décadas, incomodando interesses poderosos e dando voz às comunidades indígena e ribeirinha da região amazônica.  

Rubens Valente falou sobre o grau de destruição alcançado pelo último governo no campo ambiental, com cooptação e desmanche de conquistas institucionais de anos anteriores . 

Já Marta Salomon se deteve na importância de fiscalizar o orçamento público destinado à agenda ambiental: a pesquisadora apresentou exemplos de mau uso de recursos feito pelas Forças Armadas brasileiras durante a pandemia.  

Ainda no sábado, ocorreu a “Oficina de Narrativas visuais sobre a Amazônia”, com a participação de Christian Braga, fotógrafo, documentarista e membro da agência brasileira de fotografia Farpa; e João Wainer, jornalista, fotógrafo e cineasta. O debate foi mediado por Johanna Nublat, coordenadora editorial da Transparência Internacional – Brasil.  

João Wainer explorou novas formas de narrativas visuais, em que o entretenimento é central para atrair a atenção do público enquanto consome informação de qualidade. Christian Braga, por sua vez, falou sobre os temas em que têm trabalhado na Amazônia. Juntos, interagiram com o público presente para debater como explorar melhor narrativas da pauta ambiental. 

Com o objetivo de a ampliar a diversidade e a participação de jornalistas do Norte do país no congresso, a Transparência Internacional – Brasil e a ABRAJI selecionaram, por meio de um edital, dez jornalistas da Amazônia Legal para participar das atividades em São Paulo, custeando as despesas e as entradas para o evento. A iniciativa foi financiada pela Agence Française de Développement (AFD) e pela Azul

Relembre casos de corrupção revelados pelo jornalismo

Quando a jornalista Constança Rezende divulgou a entrevista com Luiz Dominguetti, revendedor de vacinas, revelando que o diretor de logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, teria cobrado propina de US$ 1 por cada dose de vacina.

Quando Breno Pires divulgou ofícios de parlamentares enviados ao Ministério do Desenvolvimento Regional e expôs o chamado Orçamento Secreto do governo Bolsonaro, prática que provavelmente ficaria escondida se não fosse a apuração jornalística.

Quando Ranier Bragon e Camila Mattoso revelaram que o então ministro de Turismo do governo Bolsonaro, Marcelo Álvaro Antônio, teria patrocinado um esquema de quatro candidaturas laranja, usando verbas públicas do PSL.

Quando Juliana Dal Piva revelou gravações que indicavam o envolvimento de Bolsonaro e sua família no esquema de “rachadinha”, crime de peculato, que teria ocorrido quando o presidente exercia o mandato de deputado federal pelo Rio de Janeiro.

Quando Ruben Berta identificou compra superfaturada de respiradores no RJ, o que mais tarde levou a novas revelações de corrupção na Secretaria de Saúde, resultando no impeachment do então governador Wilson Witzel.

Quando Fábio Fabrini e Julio Wiziack revelaram que Fábio Wajngarten, ex-chefe da Secretaria de Comunicação, que é responsável pela distribuição da verba de propaganda do Planalto, contratou empresas das quais ele mesmo era sócio.

Quando Fábio Bispo e Hyury Potter revelaram compra de respiradores fantasmas em Santa Catarina, culminando em investigações e posterior processo de impeachment contra o então governador Carlos Moisés.

Quando Paulo Saldaña divulgou áudios de pastores que comandavam o esquema de corrupção no qual negociavam paralelamente a destinação de recursos do Ministério da Educação em troca de propinas em dinheiro ou até em ouro.

Quando o Consórcio Internacional de Jornalismos Investigativos divulgou que o ministro da Economia, Paulo Guedes, mantinha offshore em paraíso fiscal e teria tomado decisões de política econômica que o beneficiariam.

Quando Samuel Pancher e Lourenço Flores divulgaram informações que indicavam a atuação de um Ministério da Saúde paralelo no governo Bolsonaro, que trabalhava contra a aquisição de vacinas e as recomendações de combate à pandemia vindas da OMS.

Quando a então editora do Folha Painel, a jornalista Renata Lo Prete, publicou entrevista com o então deputado Roberto Jefferson, trazendo à tona o esquema que ficou conhecido como “mensalão”.

Grupo de Trabalho

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