A Transparência Internacional repudia a declaração do líder do PSL na Câmara, deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que considera a possibilidade de uma reedição do AI-5 – marco traumático da história nacional de quebra democrática e solapamento das garantias fundamentais dos cidadãos.
Em defesa da luta anticorrupção, alertamos em todo o mundo contra propostas simplórias e autoritárias contra a corrupção. Ditaduras servem para encobrir crimes de ditadores, seus familiares e apoiadores. Ditaduras servem para neutralizar instituições de controle, calar opositores e amedrontar a cidadania. A corrupção prolifera em regimes autoritários.
Alertamos igualmente contra o discurso populista e diversionista que busca radicalizar a polarização e criar inimigos sistematicamente. Usada indistintamente por populistas de direita e de esquerda, essa tática de reprodução do poder é também cortina de fumaça para distrair atenções e impedir que a sociedade se una em defesa de pautas de real interesse público, como a luta contra a corrupção.
Nosso Índice de Percepção da Corrupção (IPC) evidencia que as democracias plenas são mais eficientes no combate a este problema social. Da mesma forma, países autoritários têm o pior desempenho do ranking.
Em diversos momentos da história e em todo o mundo, o discurso anticorrupção foi utilizado para encobrir projetos arbitrários de poder. A Transparência Internacional repudia veemente quaisquer ameaças autoritárias não apenas pelos prejuízos que acarretam sobre nossos esforços na luta contra a corrupção, mas pelo que esta luta essencialmente representa: uma luta por direitos.
Esta nota foi originalmente publicada em 31 de outubro de 2019 pelo Facebook oficial da Transparência Internacional – Brasil e replicada posteriormente neste blog.