Em audiência no STF, Transparência Internacional alerta sobre impactos das emendas parlamentares 

Guilherme France fala do stand montado para intervenções externas no STF
Guilherme France, gerente do Centro de Conhecimento Anticorrupção, fala sobre emendas parlamentares em audiência no STF. Foto de Ton Molina/STF

Na última sexta-feira (27), a Transparência Internacional – Brasil participou, como amicus curiae, da audiência pública convocada pelo ministro Flávio Dino, no Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito do julgamento das Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADI) 7.688, 7.695 e 7.697. As ações questionam dispositivos constitucionais que instituíram tanto a regra de impositividade para a execução das emendas parlamentares, quanto o modelo de transferência especial (‘emendas PIX’). Ambas criaram as condições estruturais para o “orçamento secreto”. 

O advogado e gerente do Centro de Conhecimento Anticorrupção da Transparência Internacional – Brasil, Guilherme France, alertou os ministros da Corte sobre os graves riscos à transparência, ao equilíbrio federativo e à integridade do orçamento público gerados pela forma como essas emendas vêm sendo executadas no Brasil. 

“Estamos diante de volumes recordes de recursos públicos sendo transferidos a pequenos e médios municípios, por meio de emendas parlamentares, sem transparência sobre sua origem e sem controle sobre sua destinação”, afirmou France na audiência. 

O risco, apontou ele, é duplo: de um lado, o enfraquecimento da capacidade do Estado de planejar e executar políticas públicas com base em critérios técnicos e no interesse coletivo; de outro, a ampliação do espaço para práticas ilícitas e o uso político-eleitoral de recursos públicos

A TI Brasil já vem denunciando há anos os efeitos perversos do atual modelo de emendas. Quando recursos orçamentários são alocados por critérios políticos, sem controle técnico, social ou institucional, abre-se caminho para a corrupção pulverizada e estrutural: obras fantasmas, contratos direcionados, gastos ineficazes e perpetuação de desigualdades. 

Pulverização da corrupção, opacidade e captura política

 

Esse cenário tem se agravado com a replicação das mesmas normas e práticas do nível federal nos níveis estadual e municipal. Como apontou relatório da Transparência Internacional – Brasil, “Raio-X das Emendas ao Orçamento: nível estadual“, a grande maioria dos Estados brasileiros já tem regras sobre a obrigatoriedade de execução das emendas parlamentares e sobre “emendas PIX”. Nestes âmbitos, as condições para exercício de algum tipo de controle social costumam ser ainda menores, o que aumenta os riscos e os danos causados pela corrupção. 

A lógica orçamentária se inverte: em vez de os recursos seguirem algum tipo de planejamento técnico, são utilizados como instrumento de barganha política e controle local, em benefício das elites que já se encontram no poder e em prejuízo do necessário processo de democratização da política. 

O que defendemos no STF 

Na audiência, a Transparência Internacional – Brasil reiterou ao Supremo a necessidade de: 

  • Impor maior transparência às emendas parlamentares, com divulgação ativa da origem, autores e critérios de alocação; 
  • Fortalecer os mecanismos de controle social, especialmente nos municípios com menor capacidade institucional; 
  • Prevenir a captura orçamentária por grupos de interesse, assegurando que o orçamento sirva ao planejamento técnico e à justiça social, e não à lógica da barganha; 
  • Explicitar a aplicação das determinações judiciais sobre transparência e rastreabilidade das emendas parlamentares para os Estados e para o DF. 

Como organização amiga da Corte nesse processo, a Transparência Internacional – Brasil continuará atuando pela integridade do orçamento público brasileiro. A transparência nas emendas não é apenas uma questão técnica — é uma exigência democrática. 

Defendemos que o Brasil rompa com o ciclo de opacidade e captura que tem marcado a execução das emendas parlamentares. O orçamento da União deve ser instrumento de justiça social, desenvolvimento e garantia de direitos — não de reprodução de poder, clientelismo e corrupção. 

Assista à fala completa da Transparência Internacional – Brasil na audiência pública: Assista aqui.

Grupo de Trabalho

Em audiência no STF, Transparência Internacional alerta sobre impactos das emendas parlamentares 

Na última sexta-feira (27), a Transparência Internacional – Brasil participou, como amicus curiae, da audiência pública convocada pelo ministro Flávio Dino, no Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito do julgamento das Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADI) 7.688, 7.695 e 7.697. As ações questionam dispositivos constitucionais que instituíram tanto a regra de impositividade para a execução… Continuar lendo Em audiência no STF, Transparência Internacional alerta sobre impactos das emendas parlamentares 

LÍDER

Aviso de cookies

Este site utiliza cookies. Ao continuar, você compartilhará informações sobre sua navegação. Aviso de privacidade.