Congresso de jornalismo debate lobby na COP30, emendas, corrupção e crimes ambientais

Painel debate apuração e impactos das emendas parlamentares

Entre os dias 10 e 13 de julho, 2.000 pessoas se reuniram em São Paulo para participar de debates sobre práticas, desafios e impactos do jornalismo nacional e internacional, durante o 20º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo). 

Uma inovação do congresso deste ano foram as três mesas “Excelência em Jornalismo“, apoiadas pela Transparência Internacional – Brasil, que reuniram nove trabalhos jornalísticos que se destacaram no último ano – uma mesa sobre corrupção, outras sobre crimes ambientais, e uma terceira sobre jornalismo de impacto local. 

A mesa sobre crimes ambientais apresentou as reportagens “Até a Última Gota“, da Infoamazonia, sobre a exploração de petróleo na Amazônia, explicada pelos jornalistas Fábio Bispo e Juliana Mori; “Carbono: Vozes Excluídas“, da Amazônia Real, apresentada pela repórter Nicoly Ambrosio; e a série de reportagens “Mudanças Climáticas na Amazônia“, da Folha de S.Paulo, apresentada pelo repórter Vinicius Sassine. Na mesa, os jornalistas compartilharam as dificuldades – e, ao mesmo tempo, a importância — da apuração nos territórios e debateram sobre fontes de financiamento alternativas para reportagens de fôlego com apurações in loco. 

Outra mesa do “Excelência em Jornalismo” tratou sobre o tema da corrupção, com a reportagem “Candidatos disputam eleições com mandados de prisão em aberto“, do G1, apresentado pela repórter Camila da Silva; a série “Lente de aumento” da GloboNews/RJTV, apresentada pelo jornalista Marcelo Brüzzi; e a série “O Crime em Campanha” do jornal O Globo, apresentado pelo repórter Rafael Soares. No painel, os jornalistas falaram sobre as técnicas utilizadas na produção, que envolveram trabalho de campo e análises de bancos de dados, de processos judiciais e de câmeras corporais de policiais; abordaram os impactos das reportagens e dicas de segurança física e digital.  

A terceira mesa da trilha tratou do jornalismo de impacto local, ouvindo as repórteres Gabriela Ferrarez (ND Mais), com o trabalho “De Balneário Camboriú a Biguaçu: internações à força limpam as ruas ‘à sombra dos arranha-céus“; Jade Abreu (Metrópoles), com a reportagem “O outro lado do paraíso“; e Maria Carolina Santos (Marco Zero), com o trabalho “A reinvenção do Nordeste“. 

Investigando emendas parlamentares 

Na quinta-feira (10), a mesa “Emendas parlamentares: como cobrir o desvio de dinheiro público depois das decisões do STF”, com os jornalistas Dimitrius Dantas (O Globo), Idiana Tomazelli (Folha de S. Paulo) e Natália Portinari (UOL), abordou os impactos do aumento expressivo do orçamento da União — e de Estados e municípios — sob controle absoluto de parlamentares. 

Destacou-se que há um esforço deliberado de parte dos parlamentares para reduzir a transparência das emendas, apesar da existência de bons sistemas públicos de dados. Também foi discutido como mudanças legais, provocadas principalmente por decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), alteraram os mecanismos de uso das emendas, mas mantiveram os problemas de falta de transparência e de critérios técnicos.  

A mesa também debateu sobre como o esquema das emendas provocou um rearranjo de Poderes – hoje são os ministérios que buscam parlamentares para viabilizar projetos, evidenciando um deslocamento de poder em direção ao Congresso. 

Sobre a cobertura jornalística, destacou-se a importância de que se evitem a criminalização genérica das emendas e também das organizações não-governamentais que recebem estes recursos. Os palestrantes recomendaram que jornalistas sigam o rastro das emendas até a ponta (prefeituras e obras), investiguem valores desproporcionais, obras irrelevantes ou suspeitas e contextualizem as emendas dentro da crise institucional entre Legislativo e Executivo.  

Crimes ambientais e lobby do petróleo na COP30 

Painel debateu os impactos e desafios da cobertura sobre o lobby do petróleo na COP30

Na sexta-feira (11), a mesa “O lobby na COP: investigando influências nos bastidores do clima”, contou com os jornalistas Bobby Magill (da Bloomberg Law e membro da Sociedade de Jornalistas Ambientais), Claudio Angelo (coordenador de política internacional do Observatório do Clima) e Karla Mendes (repórter investigativa da Mongabay e vice-presidenta de diversidade, equidade e inclusão da Society of Environmental Journalists dos EUA). A mesa discutiu como ocorre o lobby nas Conferências do Clima e ofereceu dicas para a produção jornalística, em especial, no ano em que o Brasil receberá a trigésima edição do evento. 

Por fim, no domingo (13), a oficina “Investigando dados ambientais: compliance e anticorrupção” apresentou ferramentas sobre o uso de dados ambientais para reportagens que investigam crimes ambientais, incluindo crimes conexos de fraude e corrupção. Renato Morgado, da Transparência Internacional – Brasil, apresentou a pesquisa “Dados Abertos e Combate a Crimes Ambientais“, que mapeou bases de dados sobre o tema e produziu um diagnóstico sobre seu fraco grau de abertura. Já Reinaldo Chaves, da Abraji, compartilhou dicas práticas e formas de cruzamento e análise de dados, incluindo o uso de inteligência artificial.  

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Grupo de Trabalho

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