PEC da Blindagem é certeza de impunidade e aumenta os riscos de infiltração do crime organizado na política 

Nota pública

  

A certeza da impunidade é a única conclusão possível frente à aprovação da PEC 3/2021 pela Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (16). Na opinião da Transparência Internacional – Brasil, essa PEC também mostra a priorização das pautas corporativistas em prejuízo dos anseios da população.  

A exigência de aprovação do Congresso Nacional para o avanço de investigações e processos contra parlamentares, como previsto pela PEC, representa uma anistia prévia por todos os tipos de crime, incluindo desvios envolvendo emendas parlamentares, crime organizado e atos golpistas.   

Quando regra semelhante à proposta pela PEC vigorou no Brasil, entre 1988 e 2001, foram enterradas 253 investigações contra parlamentares – contra apenas uma autorizada. Do total, 210 investigações não foram adiante porque o Congresso simplesmente se omitiu – em outras 43 oportunidades, o Congresso rejeitou o avanço das investigações.  

O prazo de 90 dias, previsto na PEC 3/2021, para apreciação dos pedidos de abertura de processos contra parlamentares é insuficiente para mitigar este risco. Afinal, não há previsão de que, esgotado esse prazo, os processos sigam em frente.  

Parlamentares federais já controlam, hoje, mais de R$ 50 bilhões por ano em emendas parlamentares. Apesar disso, se mostram avessos a qualquer tipo de medida de transparência ou controle e se preocupam mais com a possibilidade de responsabilização pelos desvios do que com a necessidade de interrompê-los. A urgência da blindagem se origina justamente no avanço das investigações sobre estes desvios, que já alcançam quase uma centena.  

A proposta aprovada pela Câmara ainda agrava os crescentes riscos de infiltração do crime organizado na política local, já que dificulta as investigações contra deputados estaduais. O Supremo Tribunal Federal confirmou, recentemente, que as mesmas regras sobre imunidades parlamentares de senadores e deputados federais se aplicam a parlamentares estaduais (ADI 5824 e 5825). Dessa forma, caberá às Assembleias Legislativas decidirem, também, sobre a abertura de processos criminais contra seus membros.  

Também é injustificável a ampliação do alcance do foro de prerrogativa de função aos presidentes de partidos políticos, que são, por determinação legal, pessoas jurídicas de direito privado. Não há precedentes na história constitucional brasileira ou paralelos na comparação com países desenvolvidos para tal medida, que agrava os riscos de impunidade por desvios com os bilhões em recursos públicos que alimentarão as campanhas eleitorais em 2026. Partidos políticos já se autoconcederam quatro anistias desde 1988; cabe ao Senado Federal evitar que uma quinta se instale. 

O avanço de pautas corporativistas, desconectadas dos anseios populares, coloca em xeque a legitimidade do Congresso Nacional, já abalada por seguidos escândalos de corrupção. Os desvios bilionários em emendas parlamentares e a crescente infiltração do crime organizado no Estado brasileiro exigem medidas urgentes para fortalecer a capacidade de resposta e responsabilização de criminosos – não ajustes de conveniência pela impunidade. 

Grupo de Trabalho

PEC da Blindagem é certeza de impunidade e aumenta os riscos de infiltração do crime organizado na política 

   A certeza da impunidade é a única conclusão possível frente à aprovação da PEC 3/2021 pela Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (16). Na opinião da Transparência Internacional – Brasil, essa PEC também mostra a priorização das pautas corporativistas em prejuízo dos anseios da população.   A exigência de aprovação do Congresso Nacional para o […]

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