Qual a relação que a grilagem de terras tem com a corrupção?
A grilagem de terras é um problema muito antigo no Brasil. Ela causa prejuízo para o meio ambiente, para a economia e para todos os brasileiros
ENTENDA COMO ISSO ACONTECE:
A grilagem de terras é um problema muito antigo no Brasil. Ela causa prejuízo para o meio ambiente, para a economia e para todos os brasileiros
ENTENDA COMO ISSO ACONTECE:
Grilagem de terras é o termo usado para a prática de tomar posse de terras públicas ou de terceiros de maneira ilegal.
A palavra grilagem vem de uma velha prática de falsificação de títulos de terras onde os criminosos usavam grilos para envelhecer esses documentos e dar a impressão que eram antigos. Atualmente, os grileiros usam ferramentas mais modernas para praticarem esse crime, mas uma coisa não mudou: a corrupção continua sendo o ingrediente fundamental para que ele aconteça.
A grilagem prospera onde existem lacunas e deficiências no sistema de administração de terras e onde a impunidade é a regra. O estudo “Governança fundiária frágil, fraude e corrupção: um terreno fértil para a grilagem de terras” identificou 21 riscos de fraude e corrupção envolvendo a grilagem no Brasil, que podem ser classificados em seis grupos.
Os grandes esquemas de grilagem não acontecem sem uma variedade de atores que cumprem funções diferentes para que seja possível cometer esse crime.
Saiba quem são os PRINCIPAIS causadores da destruição:
A governança fundiária é responsável pela definição e aplicação de todas as regras e normas para o uso correto das terras no país. Portanto, é essencial fortalecê-la e implementar políticas públicas fundiárias sustentáveis, transparentes e justas. Cadastros, registros e processos mais robustos também limitam as possibilidades de fraude e de corrupção e agilizam a realização de auditorias, controles e ações de fiscalização da ocupação do território. Assim, fica mais fácil proteger o meio ambiente e os direitos de comunidades tradicionais, povos indígenas e dos produtores rurais.
Quando a sociedade fica de olho nas informações e nos atores da governança fundiária, os riscos de conflitos de interesses, fraudes e das más práticas tomarem conta desta atividade diminui bastante. Mas para isso é necessário garantir que haja transparência plena nos órgãos e instituições responsáveis pela governança fundiária brasileira, com melhorias na abertura dos dados e o acesso a informações sobre o tema. Também é necessário adotarmos mecanismos para a proteção de denunciantes, defensores ambientais e cidadãos que realizam o controle social contra ameaças e retaliações dos grileiros.
O poder público precisa controlar, fiscalizar e combater os diversos crimes e infrações associados à prática da grilagem de terras, mas ainda falta agilidade nesta tarefa. Para reverter essa situação, o país precisa implementar medidas para o aprimoramento da coordenação entre órgãos de controle e ações de fiscalização e repressão ao crime relacionados à grilagem, inclusive o desmatamento e as práticas de corrupção.
A corrupção e a lavagem de ativos são os principais fatores que garantem a impunidade e a viabilidade de toda a cadeia de crimes envolvidos na prática de grilagem de terras (e não são poucos). Por isso, precisamos de medidas que impeçam o dinheiro com origens ilícitas destas organizações de circular. Acionando as instituições que atuam na investigação e no combate às fraudes, corrupção, lavagem de dinheiro e sonegação também para o combate à grilagem de terras, podemos desarticular estes grupos com mais eficiência.
Com o objetivo de entender as estratégias utilizadas pelos criminosos na grilagem de terras, foram analisadas 11 operações do Ministério Público e de órgãos policiais em 8 estados na região Amazônica e em regiões vulneráveis a conflitos de terras no Nordeste.
Entre os casos emblemáticos estudados estão a Operação Faroeste, que investiga um esquema envolvendo venda de decisões judiciais na Bahia que permitiu a grilagem de uma área cinco vezes maior do que a cidade de Salvador, e a Operação Karipuna, que denunciou a existência de uma organização criminosa vendendo imóveis grilados dentro da Terra Indígena Karipuna, em Rondônia.
A pesquisa fez uma análise aprofundada das instituições e dos processos da governança de terras no Brasil para entender as deficiências que viabilizam as fraudes e a corrupção associadas à grilagem.
Capa: Araquém Alcântara / WWF-Brasil | Correntão: G-COM MT / Myke Toscano | Operação PF: Flickr / Polícia Federal | Placa com tiros: Conexão Planeta / Divulgação | Colheita de soja: Arquivo / Agência Brasil | Foto em preto e branco: Vinícius Mendonça / Ibama
A Transparência Internacional – Brasil precisa de você para continuar seu trabalho: combater a corrupção em todas as suas formas.
A produção dessa pesquisa, que disponibilizamos gratuitamente, faz parte dessa luta por uma sociedade mais íntegra e transparente. Seja nosso aliado e faça agora mesmo sua doação para fortalecer essa causa.
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